História

Apontamento Breve Sobre o Restabelecimento do Supremo Conselho para Portugal dos Soberanos Grandes Inspectores  Gerais do 33º e Último Grau do Rito Escocês Antigo e Aceite.

À Glória do Grande Arquitecto do Universo

Quando em 17 de Outubro de 1993, em Washington DC, na “House of The Temple”, sede do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceite da Jurisdição Sul dos Estados Unidos da América  - “Supreme Council (Mother Council of the World) of the Inspectors General Knights Commander of the House of the Temple of Solomon of the Thirty-third degree of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry of the Southern Jurisdiction of the United States of America.” - foram elevados ao Grau 33º os Maçons Regulares Portugueses que foram cooptados para constituírem o primeiro Sacro Colégio do Rito em Portugal, nessa data assentava-se a “Pedra Angular” para a construção do Templo que é o “Supremo Conselho Para Portugal dos Soberanos Grandes Inspectores Gerais do 33º e Último Grau do Rito Escocês Antigo e Aceite” da Maçonaria Regular e formalmente Reconhecida.

A procura da Rocha de onde se iria extrair essa Pedra, o seu arranque, o seu transporte por caminhos difíceis de percorrer e não isentos de perigos contra a Maçonaria Regular, até à Loja dos Mestres que a trabalhariam, o seu desbaste e corte com as proporções justas e perfeitas, o seu polir com o grão mais apurado e, finalmente, a sua deposição no local onde viria a ser assente e onde se construiria o Templo, foi um percurso que começou em Setembro de 1991, data em que foi restabelecida, em Portugal, a Maçonaria Regular, no brilho das suas Três Luzes – o Esquadro, o Compasso e o Livro da Lei Sagrada e na plenitude do seu Reconhecimento por três Grandes Lojas também reconhecidas e a trabalhar regularmente.

Para esse grande acontecimento Maçónico, dois grandes Maçons se distinguiram: - José Eduardo Pisani Burnay e José Carlos Nogueira.

Foram eles os Pais Fundadores deste Templo e foram eles que com o seu insuperável saber, com a sua dedicação, empenhamento total, devoção à Causa Maçónica e prestígio inigualável em toda a Maçonaria Universal onde quer que exista e esteja viva, mais contribuíram para que se cumprisse de forma irreversível, esse desígnio Maçónico.

Por isso, os seus nomes estão gravados em letras de oiro, em todas as faces polidas de forma justa e perfeita, na Pedra Angular que eles assentaram.

O Grão-Mestre Fernando Teixeira propôs que o primeiro Soberano Grande Comendador para Portugal fosse o Ir. Pisani Burnay, para satisfazer o grande sonho da vida deste Irmão. Assim, o quadro do primeiro Supremo Conselho para Portugal teve como 1º Soberano Grande Comendador este nosso  III∴ Irmão já passado ao Oriente Eterno e, como seu Lugar Tenente, o III∴ José Carlos Nogueira.

Foi este último que, em articulação e com o apoio, quer do III∴ Irmão Pisani Burnay, quer do Grão-Mestre de então, se apressou a desencadear uma série de procedimentos, todos baseados no grande saber e esclarecimento Maçónico e suportados pelo seu grande prestígio internacional, que levaram ao almejado grande sucesso, para bem da Maçonaria Regular em Portugal e no Mundo.

O primeiro «Supremo Conselho dos Poderosos Soberanos Grandes Inspectores Gerais do 33º e Último Grau do Rito Escocês Antigo e Aceite de Portugal» foi instalado Dezembro de 1841 e desde então OS Altos Graus do REAA têm Mantido actividade interrupta em Portugal

O seu ressurgimento como obediência regular acontece em 1991, quando o III∴ José Carlos Nogueira na qualidade de Garante de Amizade com a Maçonaria Americana e Assistente de Grão-Mestre com funções de Grande Secretário, teve um primeiro contacto com a Maçonaria Americana, onde se perspectivou a possibilidade de se iniciar o caminho que viria a culminar na cerimónia de elevação ao Grau 33º nessa data histórica para a Maçonaria Regular Portuguesa e Universal, em Outubro de 1993.

De facto, nos contactos estabelecidos por ocasião da deslocação de uma delegação da nossa Grande Loja a Nova York em Outubro de 1991, para participar na reunião anual da Grande Loja de Nova York, em tiveram um papel relevante alguns Irmãos do Rito Escocês Antigo e Aceite, entre os quais o I∴ Robert Heyat 32º, estes vieram a sugerir a criação de um Supremo Conselho para Portugal.

No início do ano seguinte, em 1992 após a Conferência Anual das Grandes Lojas dos Estados Unidos, onde foi reconhecida a Grande Loja Regular de Portugal, o III∴ José Carlos Nogueira, foi contactado pessoalmente pelo Soberano Grande Comendador da Jurisdição Sul, III∴ Fred Kleinknecht 33º, que lhe transmitiu a disponibilidade do seu Supremo Conselho para ajudar a criar o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceite para Portugal.

Em face disto, dada a extrema importância de se ser apadrinhado pelo primeiro e o mais importante Supremo Conselho do Mundo, tudo se fez para que no mais curto prazo esse acontecimento ocorresse.

De 1991 a 1993 correram três anos, muito ricos de bons momentos (quase sempre) e outros menos bons (raramente). Estes foram preenchidos com um trabalho metódico, bem programado e executado, com fé e determinação, com inteligência e sentimento, com o ânimo e a força interior de quem sabia que estava no caminho certo para serviço da Maçonaria Regular e Exaltação e Glória do Grande Arquitecto do Universo.

Um dos momentos importantes deste processo tão bem sucedido, acontece em Abril de 1993 em Frankfurt, quando dezoito Maçons Regulares Portugueses foram cooptados e elevados ao Grau 32º.

Esta cerimónia realizou-se sob a orientação de um grande Maçon Americano a quem a Maçonaria Regular Portuguesa e o Seu Supremo Concelho muito devem pelo apoio que dele receberam – o saudoso e Ir∴BoB Woodward (33º).

Esse Ilustríssimo Irmão esteve sempre ao lado do Supremo Conselho para Portugal, com grande Fraternidade. Foi ele que serviu de ponte, de ligação, com a Maçonaria Americana desde que recebeu essa incumbência do M∴P∴S∴G∴C∴ Kleinknecht e foi ele que ajudou a revelar e a elevar o enorme prestígio conseguido na Maçonaria Universal por todos os nossos Soberanos Grandes Comendadores, em particular e pelo Supremo Conselho para Portugal, em geral.

Após a consagração, em Washington, na “House of the Temple”, em Outubro de 1993, de imediato foi necessário criar uma massa crítica de membros que assegurassem a funcionalidade deste Supremo Conselho.

Foi pedida a ajuda aos Corpos Militares da NATO do REAA, e numa cerimónia concorrida e bonita, realizada em Águeda, foram elevados ao grau 32º vinte e oito novos membros, que seriam o embrião das Lojas de Perfeição, Capítulos, Areópagos e Consistórios, com os quais o Supremo Conselho para Portugal passaria a funcionar em pleno.

Na primeira reunião do Supremo Conselho, foi por proposta de José Carlos Nogueira, e votada por unanimidade, a inclusão dos IIIs∴ IIr∴ Bob Woodward 33º e Robert Heyat 33º, como Membros de Honra no nosso Supremo Conselho, o que sendo de inteira e justificadíssima justiça, se viria a revelar de importância capital para a Grande Loja Regular de Portugal, assim como para o Supremo Conselho, nos eventos que mais tarde puseram em perigo o reconhecimento da Grande Loja Regular de Portugal.

Na tradição e passos de grandes Obreiros do Rito, de Ramsay a Pike, seguindo os caminhos traçados e confirmados nos seus grandes momentos, A Maçonaria Regular Portuguesa rapidamente se afirmou através do seu Supremo Conselho, como uma das mais ativas e bem-sucedidas, sendo o seu apoio e intervenção repetida e frequentemente solicitada para apoio de outras Maçonarias Nacionais que de mais apoio careciam.

É assim que o Supremo Conselho para Portugal é levado a participar em Instalações de outros Supremos Conselhos, sempre na companhia dos mais prestigiados, nomeadamente dos Ilustríssimos Irmãos Americanos.

A vida do nosso Supremo Conselho, foi fazendo o seu caminho, desenvolveu-se, expandiu-se, reforçou as suas bases, espalhou o seu saber e consolidou uma posição interna e externamente, nunca deixando de acorrer onde foi necessário.

Mais tarde, em momentos conturbados da vida da Grande Loja, em 1997, foi a sua solidez e a firmeza de princípios que serviu de âncora para abrigar de ventos revoltos a Maçonaria Regular Portuguesa. Nesses tempos de dificuldade, a sua afirmação Maçónica foi farol que indicou caminhos e, mais uma vez, é o seu grande prestígio internacional que permite seguir em frente, continuar o Trabalho começado e contribuir para reforçar o espírito Fraterno entre os Maços Regulares em Portugal.

Nesse período de dificuldades, além dos então SGC e seu Lugar Tenente, o actual M∴P∴S∴G∴C∴ Agostinho Garcia teve papel decisivo na guarda e condução de toda a estrutura de apoio ao trabalho do Supremo Conselho e, em momentos mais críticos, com a sua capacidade de liderança, Saber Maçónico e firmeza das suas convicções, foi capaz de ajudar a conduzir os Irmãos na estrada das três Luzes da Regularidade.

Ultrapassado o incidente conhecido como “Casa do Sino”, que resultou na saída de alguns membros do núcleo inicial, o Supremo Conselho foi-se afirmando interna e externamente como um guardião eficaz do reconhecimento internacional da Maçonaria Regular em Portugal, tendo apoiado institucionalmente os sucessivos Grão Mestres da Grande Loja Regular - Legal de Portugal, os quais se contam também entre os seus Membros de Honra.

O Supremo Conselho continuou a crescer e a evidenciar o seu envolvimento Maçónico, promovendo ou participando em eventos em Portugal e no estrangeiro. Graças ao seu empenhamento e elevado nível de actividade, tornou-se uma referência Maçónica reconhecida internacionalmente, tendo sido convidado a participar na criação ou consagração de vários Supremos Conselhos (Costa do Marfim, Hungria, Bulgária, Arménia, Estónia, Letónia, Lituânia, Sérvia, Eslováquia, Ucrânia), o que lhe fez granjear reconhecimento e amizade em diversos países.
 
Após a passagem ao Oriente Eterno do Irmão III∴Pisani Burnay, em 1997,  o III∴José Carlos Nogueira foi eleito Soberano Grande Comendador, cargo que desempenhou durante dois mandatos consecutivos. No primeiro, foi empossado pelo III∴ Irmão Bob Edward 33º, em representação da Jurisdição Sul dos EUA. No segundo mandato, foi empossado pelo III∴ Irmão Robert Ralston 33º, M∴P∴ Soberano Grande Comendador da Jurisdição Norte dos EUA.

Na tomada de posse do seu sucessor, III∴ Ir. Agostinho Garcia 33º, em Lisboa, em 2007, o Supremo Conselho para Portugal teve o grande prazer de contar com a presença de mais de 35 delegações de países de todos os continentes.

Do trabalho feito no sentido de cimentar de forma categórica as nossas relações com outros Supremos Conselhos, resultaram os muitos graus honoríficos endereçados ao Supremo Conselho para Portugal, nas pessoas dos seus Soberanos Grandes Comendadores.

Desde a sua fundação, o nosso Supremo Conselho esteve sempre representado nas Conferências dos Supremos Conselhos da Europa, que se realizam de dois em dois anos, e nas Conferências Mundiais que se realizam de cinco em cinco anos em vários continentes. Em 2005, em Sidney, na XVI Conferência Mundial, foi atribuída a Portugal a Vice-Presidência da Conferência seguinte em Toronto, em 2010, e a Presidência da que ocorrerá em Lisboa, em 2015.

Entretanto, tem-se desenvolvido de maneira sustentada as relações com Espanha, de que resultou, em 2009, em Zaragoza, a criação de um Capítulo Ibérico, ponto de encontro privilegiado entre os Maçons do Rito Escocês Antigo e Aceite de Portugal e Espanha. Entre as realizações de que mais nos orgulhamos, pela oportunidade dos temas e pela qualidade das comunicações, salientam-se os Encontros Bienais de Monte Real, organizados pela Loja de Perfeição Pisani Burnay de Leiria, um bom exemplo de trabalho maçónico desenvolvido pelos Membros do nosso Supremo Conselho.

Passado esse período, no momento da transição, as mãos firmes na generosidade de Espírito Maçónico de José Carlos Nogueira encontraram em Agostinho Garcia a segurança de paz e tranquilidade necessárias para que o Trabalho iniciado pelos Fundadores prossiga com a elevação e brilho que o Supremo Conselho está a viver na Maçonaria Regular em Portugal e através da sua acção no Mundo com o prestígio que lhe é reconhecido.

Hoje, em tempos de vivência Maçónica calma e de trabalho muito produtivo, o Supremo Conselho para Portugal continua a desenvolver-se internamente, sendo muitas as acções ritualísticas que cria e desenvolve, a par do cumprimento das muitas obrigações internacionais de que se destaca no presente, todo o apoio para a instalação do Supremo Conselho de Moçambique desta Nação Irmã e muito fraterna.

Para exaltação e Glória do Grande Arquitecto do Universo

D P (33º)
(Assistente do M∴P∴S∴G∴C∴ Agostinho Garcia e Grande Ministro de Estado do Quadro do primeiro Supremo Conselho para Portugal)

Texto com base no apoio e aconselhamento generosamente prestados do II. I. Past M∴P∴S∴G∴C∴ José Carlos Nogueira e transcrição e adaptação de partes de texto seu saído na primeira revista do REAA.