Capitulo Ibéria
Cumprindo uma tradição que se repete duas vezes ao ano, os IIr∴ dos Supremos Conselhos do 33º e último Grau do REAA de Portugal e Espanha reuniram em conjunto, numa sessão fraterna que une os maçons ibéricos sob o espírito do escocismo rosacruciano.
Estes encontros, realizados alternadamente em Portugal e em Espanha, têm constituído um factor essencial para um cada vez maior conhecimento mútuo, base fundamental para o aprofundamento da amizade entre os maçons dos dois países ibéricos e o reforço do espírito fraternal e universalista que caracteriza o escocismo. Importa por isso ressaltar o empenho que todos os Soberanos Grandes Comendadores dos dois países irmãos têm dedicado ao aprofundamento das relações entre os dois Supremos Conselhos de que os encontros do Capítulo Ibéria são, naturalmente, um ponto alto. Jesús Soriano Carrillo, Felipe Llanes Menéndez, Agostinho Garcia e Manuel Alves de Almeida, têm sido fiéis continuadores desse ímpeto inicial.
Especial importância é dada nestes encontros à divulgação de espaços identitários das diversas comunidades ibéricas, tendo por base a ideia de que a sua diversidade é, talvez a maior riqueza de que dispomos. Importa conhecê-la porque só defendemos o que amamos e só amamos o que conhecemos ou ambicionamos conhecer.
Mafra, com o seu palácio, o seu convento e a sua basílica, deu corpo ao cenário que elevou os IIr∴ presentes a um nível superior de compreensão das relações alquímicas e cabalísticas estabelecidas entre o edifício setecentista e os quatro elementos, terra, água, ar e fogo.
Tendo em conta que entre as cerca de seis dezenas de IIr presentes se encontravam muitos espanhóis para quem Mafra constituiu uma insinuante surpresa, a comparação entre Mafra e o Escorial foi uma constante, sobretudo quando todos nos deleitámos com a observação da imensa sabedoria exposta na Biblioteca, desenhada por Manuel Caetano de Sousa (1738 - 1802), com planta em cruz latina, cobertura de caixotões em mármore branco, pavimento em mármore axadrezado rosa, preto e branco, e com elegantes estantes rococó em talha branca.
Especial interesse foi dedicado à interpretação simbólica do espaço basilical e ao percurso iniciático que nele se desenha a longo dos diversos pontos energéticos, como se de um novo Templo de Salomão se tratasse, com as duas colunas representadas pelas torres sineiras e o sanctum sanctorum unindo o mundo etéreo ao mundo ctónico através do zimbório que se ergue sobre tambor vazado por oito janelas.
Para além da visita ao palácio e dos momentos de convívio fraterno proporcionados durante a manhã e a tarde, encontro foi coroado por dois momentos especialmente marcantes. Em primeiro lugar a sessão ritual aberta a todos os IIr dos dois Supremos Conselhos que decorreu num ambiente de serena fraternidade e durante a qual os dois Soberanos Grandes Comendadores tiveram ocasião de apresentar um balaústre no qual reconheceram ser imprescindível a «tarefa da busca de um novo projecto de convivência, de outros costumes e hábitos de pensamento e de acção, de um lugar próprio (ethos) construído por todos os homens e para todos os homens» como resposta aos perigos que se avolumam em torno dos populismos e dos nacionalismos novamente emergentes.
O fraternal ágape foi um momento de partilha, mas também já de saudade e despedida até ao novo encontro do Capítulo Ibéria, desta vez em Toledo, onde os nossos laços continuarão a reforçar-se em favor do universalismo escocista.